É completamente irritante vivenciar a falta de empatia de pessoas próximas e fastidioso demais olhar diretamente na pupila do olho do outro e ver que ela continua parada sobre a íris, sem movimentar-se, enquanto a minha esclerótica já está vermelha, sinalizando o choro.
Para alguns, uma agulha no dedo não faz cócegas. Para outros, um tiro no peito não mata.
Para tais, uma pena no dedo é tortura, enquanto uma facada não produz sensações.
É execrável o quanto diminuem a dor do outro, "futilizando" os problemas que não são seus como meros detalhes de um jogo depressivo e vitimista.
Mas é frequente. É concêntrico.
Eu me entendo como um inflexível nesse aspecto. Não tolero pessoas distantes com vocação a serem insensíveis aos pequenos detalhes, porque são os pormenores que realmente importam. Que dirá ser flexível às pessoas próximas com esse achaque.
Tenho o talento, o dom ou a maldição de riscar pessoas das minhas páginas, sem sentir remorsos, saudades, nem dor.
Algum dia isso me trairá.
Algum dia novamente isso me trairá.
Mas eu já disse: eu me entendo como um inflexível, também nesse aspecto.
